Congresso ajuda a prevenir casos de violência sexual infantojuvenil

Por meio das palestras, especialistas de todo o país debaterão as melhores formas de identificar e combater esse tipo de crime

O III Congresso Brasileiro de Prevenção à Violência Sexual Infantojuvenil será realizado nos dias 13 e 14 de maio, com a participação de profissionais e especialistas renomado, que farão um total de 12 apresentações sobre diversos assuntos relacionados ao tema central do evento.

 

Uma das palestras, “Como identificar e denunciar crimes sexuais utilizando a internet”, terá a perita criminal da Polícia Federal em Crimes Cibernéticos Andreia Stanger como palestrante. Ela é graduada em informática e administração, especialista em marketing, metodologia do ensino, formação pedagógica, administração pública e psicologia sexual, além de mestre em administração pública com ênfase em criminalística, entre outras especializações.

 

Segundo Andreia, “a importância do tema é porque as pessoas acreditam que os crimes de abuso só acontecem com outras pessoas. Dificilmente imaginam que podem estar acontecendo sob seus próprios tetos e que, ao contrário do que se pensa, não são pessoas estranhas, mas sim pessoas próximas e conhecidas da criança. As pessoas têm dificuldades em denunciar os casos e, muitas vezes, preferem acreditar que a criança mentiu a expor alguém da família”, comenta.

 

O intuito da discussão é criar uma conscientização quanto à existência desses crimes e lançar um olhar mais cuidadoso com os sinais que as crianças dão quando estão sendo abusadas; também tem a intenção de alertar os pais quanto ao uso de tecnologias como videogames, celulares e internet por crianças e adolescentes.

 

A especialista também disse que há uma diferença entre os casos que vão para a Polícia Civil e para a Polícia Federal, e que a população, geralmente, não sabe onde ingressar contra o criminoso. No caso da PF, o órgão atua mais com situações de abuso sexual infantil que envolvam redes de abusadores que ultrapassam Estados ou mesmo países.

 

Atendimento à vítima deve ser humanizado

 

Outra palestra, com o tema “A escuta da vítima de crimes sexuais na rede de atendimento”, será ministrada pela psicóloga judiciária Cátula Pelisoli, que é pós-doutora em psicologia, supervisora do curso de formação de entrevistadores forenses do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e coautora do livro “Violência sexual contra crianças e adolescentes: Testemunho e avaliação psicológica”, de 2019.

 

A especialista vê com grande importância a escuta da vítima de crimes sexuais de forma protegida e qualificada. “Uma questão que vem sendo discutida nos últimos anos é a forma inadequada que a vítima é atendida em diversos pontos da rede de proteção, desde as instituições de assistência social, saúde e segurança até a Justiça. A escuta protegida e qualificada, de uma maneira que não julgue a vítima e não a responsabilize, é fundamental para que todos esses profissionais possam acolher de outra maneira, para contribuir com a reabilitação da vítima”, explica.

 

Isso também é válido para os familiares, segundo Cátula, que muitas vezes enchem as crianças de perguntas e elas acabam se sentindo culpadas, responsáveis pelo que aconteceu, até mesmo arrependidas de terem falado sobre o abuso. Conversar sobre a escuta de crianças em um Congresso, na avaliação da especialista, é fundamental tanto para os profissionais como para a sociedade de um modo geral.

 

A rede de atendimento às vítimas de abuso sexual infantojuvenil também precisa da colaboração da escola. Isso porque, como aponta o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 84% dos casos de estupro de vulneráveis acontecem dentro de casa, o que faz com que a denúncia ocorra, em boa parte desses casos, dentro da instituição escolar.

 

Por conta disso, o Congresso vai ter uma palestra com o tema “Como realizar a articulação da escola com a rede de atendimento à vítima de crimes sexuais”, com o doutor em educação Márcio de Oliveira. Ele tratará, em sua apresentação, do papel da escola no combate contra a violência sexual infantojuvenil. “Essa instituição tem como objetivo principal a aprendizagem dos alunos; e uma criança ou um adolescente violentado sexualmente pode apresentar sérias dificuldades nesse processo de aprendizagem. Por isso, é preciso que a escola contribua no combate a essa forma de violência”, diz.

 

Ele defende, ainda, a necessidade de integração entre as instituições que atendem crianças e adolescentes, de modo que construam práticas de troca de informações, a fim de identificar possíveis casos de violência sexual nesse grupo vulnerável. “É preciso que os trabalhadores da educação pressionem o poder público a fim de que haja a criação de políticas públicas eficientes para combater e prevenir a violência sexual. A escola precisa estar com as ações alinhadas com o Conselho Tutelar, Delegacias Especializadas, Creas e outros órgãos”, avalia Márcio.

 

Para o especialista, possibilitar esta discussão em um Congresso é uma responsabilidade social de quem promove e faz esse debate, com o intuito de atingir o maior número de profissionais e discutir assuntos que ainda são considerados “tabus” na sociedade.

 

Evento tem programação extensa

 

Fora as palestras citadas, o Congresso também falará de temas como “A literatura infantil como recurso de autoproteção: como os livros podem ser utilizados nas instâncias da rede de proteção”, “Violência sexual e relações tóxicas no esporte”, “O papel do conselho tutelar na rede de atendimento da criança e do adolescente vítima de crimes sexuais” e outros. A programação completa pode ser conferida neste site, onde também é possível realizar a inscrição para o evento, que será totalmente online.

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