Cartilha contra crimes sexuais é feita para profissionais de saúde

Com o documento, é possível atender de forma humanizada e denunciar casos de crimes sexuais

Em sua terceira edição, o Congresso Brasileiro de Prevenção à Violência Sexual Infantojuvenil traz uma série de novidades este ano, antes mesmo da realização oficial do evento, que ocorre nos dias 13 e 14 de maio, em alusão à campanha Maio Laranja. A equipe do Futuro Brilhante, que organiza a programação, criou uma cartilha chamada “Profissionais da Saúde no Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil”, lançada em 2020.

 

Segundo o coordenador do projeto, Diego Martins, a ideia surgiu com base em diagnósticos sobre os índices envolvendo este tipo de situação. “Mais de 80% dos casos de crimes sexuais de vulneráveis são em casa. Diante dessa realidade, eles vão ser revelados, então, na escola ou nas unidades de saúde, nos diversos atendimentos pelos quais a criança passa. Isso gerou uma inquietação sobre o que poderíamos fazer para alertar os profissionais de saúde sobre os sinais que podem indicar a violência sexual, de forma que eles pudessem percebê-los com mais facilidade durante seus atendimentos”, conta.

 

Entre os tópicos da cartilha, um alerta é quanto aos sintomas que podem indicar que uma crianças ou um adolescente pode ter sofrido alguma violência sexual. Alguns deles são: dificuldade para dormir, pesadelos, hematomas perto da região genital e da boca, comportamentos sexualizados incompatíveis com a idade, falar de posições sexuais, alteração no rendimento escolar, dificuldade de concentração, problemas alimentares por conta do trauma a partir da violência sexual e outros. A cartilha aleta sobre os momentos em que os sinais podem ser detectados com mais facilidade e mostra o que os profissionais devem fazer, quem acionar e como denunciar.

 

Acadêmico de Terapia Ocupacional, Jonatha Almeida afirma que a cartilha apresenta informações aos profissionais de saúde quanto à violência sexual infantojuvenil, desde os sinais para identificar tal agressão como o percurso a fazer para encaminhar as vítimas à rede de proteção. Segundo ele, foi criada com o intuito de informar esses profissionais, já que estudos mostram como profissionais da saúde ainda não se sentem seguros para atender pacientes com esta demanda.

 

“O profissional vai ser auxiliado, a partir do uso da cartilha, em como identificar os casos de violência que possivelmente chegaram a ele, sendo desde o profissional odontológico até o nutricionista. Ou seja, a cartilha é uma material de uso a todos profissionais da saúde, principalmente a equipe multidisciplinar que atua diretamente com crianças. Em um terceiro momento do material, são mostradas as instituições às quais a criança e seu responsável devem ser encaminhados”, comenta.

 

Na avaliação do estudante, a cartilha é de suma importância aos profissionais, não somente saber receber as vítimas deste crime, mas também para saber qual prosseguimento dar. “Muitos profissionais da saúde não sabem sequer realizar notificação. Daí vemos como é importante eles terem informações como as da cartilha, mas se faz necessário também que as instituições onde esses profissionais atuam realizem capacitações para sua equipe, oferecendo um serviço mais qualificado e dando mais autonomia aos profissionais”.

 

Na programação oficial do Congresso, o tema da saúde é destaque. Haverá uma palestra com o tema “Atendimento de emergência à vítima de crime sexual”, com a psicóloga Fernanda Carvalho da Costa, da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ela é gestalt-terapeuta especialista em violência doméstica e cursa especialização em psicologia sexual. Outras temáticas serão “A escuta da vítima de crimes sexuais na rede de atendimento” e “Considerações sobre o exame sexológico forense no contexto dos crimes sexuais cometidos contra crianças”, entre outras.

 

Ao todo, serão 12 apresentações de especialistas de todo o Brasil, que darão palestras de forma online, para prevenir o contágio da covid-19. Quase metade das inscrições já foram preenchidas – podem ser feitas neste site, pagando R$ 107, no segundo lote.

 

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