Maio Laranja: A História de Araceli

18 de maio de 1973, a menina Araceli Crespo, 8 anos, foi vista com vida pela última vez ao sair mais cedo de sua escola para entregar um envelope enviado por sua mãe, adicta, em um prédio no centro de Vitória, no Espírito Santo (ES).

Ao encontrar os destinatários da encomenda, Araceli foi drogada, espancada, estuprada e assassinada. Seu corpo permaneceu dias escondido em um freezer, desfigurado por um ácido corrosivo, até ser abandonado em um terreno e localizado por uma criança que brincava no centro da cidade. Os suspeitos no assassinato de Araceli pertenciam a famílias conhecidas de ES e nunca pagaram por seus crimes.

O dia 18 de maio, dia de sua morte, foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Embora não tão famoso quanto o outubro rosa, ou novembro azul, o maio laranja visa evidenciar o cotidiano de milhares de crianças e adolescentes brasileiras.

Somente em 2018, mais de 35.000 crianças e adolescentes de até 13 anos de idade foram vítimas de violência sexual no Brasil. Dados do Governo Federal para o mesmo ano indicam que o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) recebeu 76.216 denúncias envolvendo crianças e adolescentes, sendo 17.093 dos registros referentes a violência sexual, com a predominância de vítimas do sexo feminino em mais de 75% dos casos. Mais de 50% das denúncias, tinham como vítimas crianças entre 1 e 5 anos de idade.

Para muitas destas vítimas o ambiente familiar apresenta uma ameaça extra, cerca de 70% dos casos de violência sexual contra a crianças e adolescentes ocorreram no âmbito familiar, sendo os agressores pessoas do convívio das vítimas e com relação de proximidade e confiança. Pais, padrastos, mães, tios e avós representam a maior parte dos envolvidos nas ocorrências. Em 81,6% dos casos o abusador era do sexo masculino. Além disso, grande parte dos abusos domésticos tem caráter de repetição.

Em função da pandemia de COVID-19, crianças e adolescentes se tornaram ainda mais vulneráveis à violência sexual. À medida que a doença avança, casos de abusos e violência doméstica tendem a se intensificar devido à onipresença do abusador. Todavia, contraditoriamente, o registro dessas ocorrências diminuiu por não estarem frequentando a escola, consultórios médicos, espaços públicos, e por conta do reduzido contato social para além do convívio do núcleo familiar, a constatação da violência por terceiros fica ainda mais difícil, o que coloca as crianças em maior risco.

A violência sexual sofrida por crianças e adolescentes configura grave problema de saúde pública e violação dos direitos humanos, gerando sérias consequências nos âmbitos individual, social e acarretando trágicas consequências psicológicas e físicas, sendo um dos crimes mais cometidos no Brasil.

Ajude-nos a mudar essa realidade. Tire uma foto usando camisa na cor branca ou laranja e segurando uma placa/página escrito “Brasil sem violência sexual contra crianças e adolescentes”. Depois é só enviar a sua foto para o nosso whatsapp (91) 99214-2537, postar nas suas redes sociais e marcar o @futuro.brilhante.

 

Se desconfiar de algum caso, não silencie. Denuncie. Disque 100.

Fernanda Lima


Referências

 Brasil. (2019). Crianças e adolescentes: balanço do Disque 100 aponta mais de 76 mil vítimas. Disponível em https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2019/junho/criancas-e-adolescentes-balanco-do-disque-100-aponta-mais-de-76-mil-vitimas. Acesso em 18 de abril de 2021.

 

Childhood Brasil. (2019). A violência sexual infantil no Brasil. Entenda o cenário da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil e saiba como preveni-la. Disponível em https://www.childhood.org.br/a-violencia-sexual-infantil-no-brasil. Acesso em 20 de abril de 2021.

 

Instituto Liberta. (2019). Você sabia que exploração sexual é considerada uma das piores formas de trabalho infantil? Disponível em https://liberta.org.br/voce-sabia-que-exploracao-sexual-e-considerada-uma-das-piores-formas-de-trabalho-infantil/. Acesso em 19 de maio de 2021.

 

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