Nova York, 1987, bairro periférico do Harlem, nesse contexto se desenvolve a comovente história de Claireece Precious Jones, contada através do livro Push (1996), sucesso de vendas, da autora Sapphire. Treze anos depois (2009) o diretor Lee Daniels decide produzir Preciosa – uma história de esperança. A produção audiovisual recebeu seis indicações ao Oscar, incluindo melhor atriz coadjuvante.
Preciosa é uma adolescente de 16 anos, negra e gorda. Vítima de bullyng na escola e violentada pelo pai desde muito cedo, ela também convive diariamente com os ataques físicos e verbais da sua mãe. Sob estas circustâncias, a protagonista, interpretada por Gabourey Sidibe, engravida do seu pai pela primeira aos doze anos; e, mais tarde, aos dezesseis, uma nova gestação é descoberta. A partir da segunda gravidez, os espectadores conhecem a vida e árdua jornada dessa jovem mãe, passando por diferentes setores de atendimento e demonstrando, através da sua história, o poder da educação libertadora, a mesma defendida por Paulo Freire, e por quais caminhos imaginários a mente humana é capaz de andar na tentativa de dissimular a realidade e fugir da dor.
A violência sexual, como a retratada no filme por exemplo, é um assunto difícil e doloroso, porém necessário à todas as esferas da sociedade. Para mensurar a gravidade do tema, basta saber que no Brasil milhares de crianças e adolescentes são vítimas de abuso e exploração sexual todos os anos. Em 2019, foram registrados 17 mil casos, o equivalente a 1 caso a cada meia hora, segundo os dados do Ministério da Família e dos Direitos Humanos.
Os dados fornecidos pelo governo nos ajudam a entender que casos de violência sexual, como o contado pela trama de Preciosa, por exemplo, podem acontecer todos os dias em diferentes níveis. Os números informados dão conta de detalhes como sexo, idade e até os ambientes onde mais ocorrem a violência sexual. Porém, as vítimas estão para além disso, por traz de cada dado, há um nome e uma história a ser contada. Há uma vida a ser valorizada.
É por valorizar a vida, promover acesso à informação, garantia de direitos e prevenção a casos de violência sexual contra crianças e adolescentes que o Projeto Futuro Brilhante trabalha. A esperança por dias melhores, por dias sem violência doméstica e sexual para crianças e adolescentes é o que move o Projeto Futuro Brilhante. Histórias como a de Preciosa, com o seu enredo duro e real, nos convidam a refletir que, mesmo após casos de violência sexual, há esperança. Preciosa nos convida a olhar a vida e crer em um futuro melhor, e por que não dizer: um FUTURO BRILHANTE?!
Texto: Dayse Santos