Nota Pública sobre o arquipélago do Marajó

O estuário amazônico é formado pela confluência de duas grandes bacias: a do rio Amazonas e a do Tocantins-Araguaia, desaguando no oceano Atlântico. Entre a junção dessas águas, situa-se Marajó, região formada por inúmeras ilhas, constituindo o maior arquipélago fluviomarinho do planeta.

O arquipélago é formado por mais de 2 mil ilhas e ilhotas entre rio e mar, sendo quatro principais, possui cerca de 590 mil habitantes, é constituído por dezesseis municípios, sendo eles: Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure.

Localizada ao norte do estado do Pará, a Ilha do Marajó é a maior ilha fluviomarítima (cercada por rio e mar) do mundo. A ilha é banhada pelo Oceano Atlântico e pelos rios Amazonas, Pará e pela Baía do Marajó.

Dentre os principais atrativos, destacam-se as paisagens naturais com seus campos alagados, belas praias, rios piscosos (grande quantidade de peixes), rica fauna, trilhas ecológicas e fazendas centenárias de criação de búfalos. A cultura diversificada está presente nos grupos folclóricos, culinária típica, artesanato marajoara, arquitetura antiga e ruínas históricas. Essas características conferem ao arquipélago alternativas inesgotáveis na área do turismo. O Marajó é um dos mais importantes santuários ecológicos do planeta e, por essa razão, foi transformado em Área de Proteção Ambiental (APA).

Como qualquer local do país, possui virtudes e pontos a melhorar. Por isso, diante dos recentes acontecimentos, entendemos ser necessário compartilhar na íntegra a nota pública produzida pelo Instituto Dom José Luís Azcona, transcrita a seguir:


NOTA PÚBLICA DO INSTITUTO DOM JOSÉ LUÍS AZCONA

O Instituto de Direitos Humanos Dom José Luis Azcona, criado para fomentar ações em defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana, especialmente no enfrentamento do tráfico humano e do abuso e da exploração sexual de crianças, adolescentes e mulheres, vem a público reiterar clamor por apoio ao enfrentamento do abuso e exploração sexual, que antes de um problema regionalizado é uma prática criminosa que requer atenção e ações efetivas em todas as regiões do país. A exposição sobre a violência sexual recair mais uma vez na região do Marajó, pelos anos de atuação no enfrentamento das diversas violações contra as nossas crianças e adolescentes, se dá em razão do cenário vivido pelos povos das águas e das florestas, especialmente num contexto ao qual a região é submetida de exploração econômica, social, cultural e das vidas que lá estão.

É importante o enfrentamento de forma sensível e efetiva, sem estigmatizar a região do Marajó, em especial a vida dos seres em desenvolvimento. Neste contexto de vulnerabilidades acumuladas, o enfrentamento à violência sexual e ao tráfico de pessoas em nossa região do Marajó transcende o ato de libertar ou socorrer vítimas, impõem a necessidade de um processo articulado de formação e mobilização social, capaz de eliminar os mecanismos que o reproduzem: ganância, miséria e impunidade. O enfrentamento de um problema tão complexo como a violência requer medidas igualmente complexas, adotadas em diversas áreas: educação, saúde, assistência social e direitos humanos. Atualmente, temas programas importantes, mas essas estratégias precisam de ampliação e aperfeiçoamento.

Adotar estratégias de geração de emprego e renda para as famílias das crianças em situação de risco é urgente para a superação e enfrentamento das violências, destacando:

1 – A necessidade de uma articulação mais ampla com as instituições para realizar trabalho integrado de enfrentamento, uma vez que as redes criminosas são bem organizadas;

2 – Realizar trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas, da violência sexual, de formação e sensibilização da sociedade fazendo com que as pessoas estejam informadas e não caiam na trama das organizações criminosas;

3 – Ampliar a rede de enfrentamento;

4 – Estar mais presente nas escolas, nas pastorais, nos conselhos e demais organizações da sociedade civil;

5 – Envolver e fortalecer a população local, oferecendo instrumentos com o objetivo de criar redes sistêmicas de ação;

6 – Promover a visibilidade do tema por meio de campanhas e mobilizações socioeducativas;

7 – Ocupar espaço que possibilite o diálogo com os diversos órgãos que integram o Poder Público em todas as esferas;

8 – Políticas e ações efetivas de enfrentamento à pobreza e à desigualdade socioeconômica;

9 – Instalação de escolas, rede de saúde com atendimento preventivo às famílias, segurança pública humanizada e baseada nos princípios de Defesa dos Direitos Humanos.

 

Belém, 22 de fevereiro de 2024

IDA – Instituto de Direitos Humanos Dom José Luis Azcona



Entre em contato com o instituto pelo Instagram: @ida_institutodomazcona


Fontes:

https://www.setur.pa.gov.br/polo-marajo


https://www.cnm.org.br/comunicacao/noticias/ilha-de-marajo-no-para-e-o-maior-arquipelago-de-mar-e-rios-do-mundo


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